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Cresce o número de atendimentos e a diversificação de produtos digitais para saúde mental e emocional entre associados da Saúde Digital Brasil

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Associados da Saúde Digital Brasil realizam mais de 25 mil atendimentos mensais de telepsiquiatria e telepsicologia. Para apoiar e proporcionar um ambiente comum para debates e alinhamentos setoriais sobre o tema, está em criação na entidade um grupo de trabalho específico para congregar profissionais da área

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% da população mundial sofre de transtornos mentais, o que corresponderia, aproximadamente, a 720 milhões de pessoas. O Brasil é o país que lidera o ranking de ansiedade e depressão na América Latina, com quase 19 milhões de pessoas com essas condições. Esse agravamento de cenário tem provocado um aumento significativo no número de atendimentos de telessaúde e telepsiquiatria entre as empresas que fazem parte da Saúde Digital (Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital).

 

Um levantamento inédito feito pela Conexa, ecossistema digital de saúde e associado da entidade, apontou que, de janeiro a julho de 2023, 40 pacientes em cada 100 de planos de saúde comercializados diretamente para clientes corporativos, foram diagnosticados com algum tipo de transtorno emocional. O objetivo foi analisar clinicamente como está a mente das pessoas inseridas no mercado de trabalho. O estudo aponta ainda que houve crescimento nos primeiros sete meses deste ano, comparados com os de 2022, nos diagnósticos de TDAH (35%), ansiedade (24%) e esgotamento (30%), que na nova classificação internacional de doenças é reconhecido como burnout.

 

“As pessoas que podem estar em sofrimento em qualquer um desses cenários precisam, durante uma jornada de psicoterapia, ter a compreensão desse funcionamento, de onde isso vem e de quais ferramentas ela consegue dentro das limitações dela. Afinal, todos temos nossas limitações. É preciso entender quais ferramentas ela consegue desenvolver ou trabalhar para superar esse sofrimento e conseguir amadurecer a forma que ela lida com as situações. Reforçar e promover a resiliência dessas pessoas e a sua capacidade de voltar ao seu estado normal. A saúde digital colabora com isso a partir do momento em que ela dá acessibilidade, então você perde a barreira geográfica”, ressalta Érica Maia, gerente de saúde mental da Conexa.

 

De fato, o desenvolvimento tecnológico, a inovação e as novas perspectivas decorrentes deste processo, permitiram a criação de ferramentas que viabilizaram o atendimento, diagnóstico e o monitoramento remoto de pacientes com transtornos mentais, contribuindo para a eficácia dos diagnósticos e eficiência dos tratamentos.

 

“Vivemos em uma era de transformações aceleradas, desafios socioculturais e tecnológicos, além de uma complexa interação entre bem-estar individual e coletivo. Os recentes avanços tecnológicos, as pressões da sociedade moderna, bem como as crises sanitárias e socioeconômicas têm levado a um aumento na prevalência de transtornos mentais e de estresse relacionado à vida cotidiana”, ressalta Camila Ribeiro, diretora de mercado da Dr. Online 24, empresa associada à SDB. A executiva explica que o percentual de desfecho clínico favorável nos atendimentos feitos pelos psicólogos da Dr. Online24 é maior que 90%, o que demonstra que a telessaúde, quando bem aplicada, com base em protocolos e equipe profissional qualificada, não só gera um grande impacto na entrega eficaz de cuidados de saúde mental, mas também oferece oportunidades empolgantes para inovação, otimização e expansão de nossos produtos e serviços na área da saúde.

 

Dentro da SDB estão hoje cerca de 12 empresas que prestam serviços de saúde mental e emocional. Um levantamento feito por amostragem concluiu que mais de 25 mil atendimentos são realizados por mês entre essas empresas, que dispõem de times qualificados e especializados para atender às demandas em crescimento.

 

“Escalonar autoconhecimento, acolhimento e intervenção em questões emocionais é trazer o futuro para o presente. Não poderíamos imaginar isso há 20 anos, quando a consulta presencial em psicologia era a forma instituída. Na Teladoc, por exemplo, atendemos todo o território nacional, pessoas expatriadas em diferentes lugares do mundo”, explica Patrícia Ramos Branco, gerente de Saúde Mental da Teladoc. Segundo ela, esse crescimento é notável e são inúmeros os casos de sucesso, principalmente por tratar-se de uma solução democrática. “É importante entender que a psicologia on-line é para todos os ciclos de vida e para todas as classes sociais, diminuindo preconceitos.”

 

Na Amparo Saúde, empresa que presta serviços de Atenção Primária à Saúde do Grupo Sabin, a demanda tem crescido, tanto on-line quanto presencial, com o aumento da base de clientes nos contratos que a Amparo atende. De acordo com Sabrina Tardin Abreu, psicóloga líder da Amparo, a adesão varia positivamente à medida que as pessoas vão percebendo seus benefícios e percebendo que o atendimento on-line tem qualidade.

 

“Observo um ganho progressivo e significativo na acessibilidade, continuidade e engajamento nos tratamentos. Importante destacar a economia financeira e redução do estresse nos deslocamentos e espera nos consultórios. Destaco também a agilidade alcançada na coordenação de cuidados e nas trocas com profissionais de outras especialidades. O próprio Sabin é um exemplo de empresa atenta ao bem-estar dos colaboradores, e os programas na maioria estão só sendo possíveis por meio das ferramentas da saúde digital implementadas. Levam-se em conta questões de localidade, deslocamento, jornada de trabalho das pessoas assistidas, que hoje não são mais impeditivos do acesso a um serviço de saúde célere e de qualidade”, ressalta.

 

Na AmorSaúde Telemedicina, o volume de atendimentos em psicologia, em 2023, já representa 15% do total de consultas realizadas pela empresa. Esse crescimento, que tem sido notado mês a mês, segundo William Paulino Lima, gerente de canais digitais e relacionamento da associada da SDB, pode ser atribuído a um aumento da confiança da sociedade nos meios digitais e também a possibilidade de ter suporte a custos mais acessíveis. A facilidade no atendimento é outro fator positivo apontado por ele. “É tudo muito simples para que os atendimentos sejam facilitados aos pacientes. Eles devem acessar nosso site, escolher seu profissional com quem deseja atendimento, realizar a reserva de agenda e, no dia e hora previstos, fazer a conexão com seu psicólogo(a) utilizando seu dispositivo (smartphone, computador, etc.), sem a necessidade de instalação de nenhum aplicativo, etc. Tudo de forma simples, segura e objetiva”, ressalta.

 

Ingrid Vilaça Gromoski Cancela, psicóloga e responsável técnica pela Topmed Saúde, ressalta o volume das pesquisas que hoje comprovam os progressos que a psicologia e a saúde digital estão promovendo ao redor do mundo. “Cuidar da saúde mental tem deixado de ser opção, mas tem se tornado uma prioridade pela vida. O atendimento pela telessaúde torna isso mais acessível, além de contribuir nos tratamentos de fobias, com ferramentas para trabalhar estímulos cognitivos, desenvolvimento de avaliações psicológicas que auxiliam em diagnósticos mais precisos e com isso tratamentos mais assertivos”, ressalta.

 

Entre as vantagens da telessaúde aplicada nesse contexto está o fato de que o atendimento pode acontecer em qualquer localidade, desde que o psicólogo se encontre na jurisdição de seu Conselho Regional de Psicologia de cadastro ativo. “Assim, ele está apto e legalmente autorizado a prestar atendimentos no conforto de seu lar ou consultório, sem precisar se deslocar”, explica Karen Valéria da Silva, coordenadora de psicologia na Docway, também integrante da SDB, que acrescenta: “A saúde digital permite que equipes multidisciplinares e de diferentes localidades conectem-se em um mesmo ambiente digital, tornando o paciente o centro do cuidado, provendo uma assistência muito mais efetiva”.

 

A elevada capacidade de chegar a um número maior de pessoas é também ponto destacado por Luciano Macedo, psicólogo da DOC24. “A telemedicina proporciona saúde mental para muitas pessoas que não teriam acesso se não fosse por esse meio. Ou seja, uma pessoa que mora a 10, 15 quilômetros de um centro da cidade, às vezes mora em uma cidade pequena que só tem um psicólogo para atender. Também tem aquela pessoa que está ali como imigrante no outro país, passando por dificuldades, precisando conversar, cuidar da sua saúde mental, às vezes ela não vai ter uma conexão com o profissional da região. Então, a telemedicina acaba sendo uma opção para acessar esse profissional que está aqui no Brasil, que, além de tudo, vai entender os costumes, vai entender a cultura dela e vai com certeza poder ajudá-la no cuidado da saúde mental”.

 

Visando garantir maior acesso aos pacientes, a Starbem destacou que disponibiliza um aplicativo que permite que consultas sejam realizadas inclusive à noite e aos sábados. “O atual contexto nos exige velocidade, flexibilidade das rotinas, e não seria diferente ao se efetivar cuidados em saúde emocional. Ter um terapeuta a um toque no celular torna-se fundamental para cuidar do estresse inerente ao dia a dia e desenvolver estratégias de enfrentamento”, explica Ticiana Paiva, head de Psicologia da healthtech.

 

Para Ligia Prado Fonseca, head de Psicologia da VibeSaúde, outro benefício interessante do teleatendimento em saúde mental é que, apesar do grande avanço na desestigmatização do tratamento de saúde mental, muitos pacientes ainda não se sentem confortáveis em frequentar presencialmente clínicas com esse foco. O atendimento on-line permite que essas pessoas consigam tratamento com maior sensação de privacidade e segurança Ligia enfatiza também que a telessaúde pode reduzir custos para os profissionais de saúde, o que acaba impactando e, por consequência, diminuindo os custos para os pacientes. “Acreditamos que a telessaúde oferece benefícios a pacientes e profissionais de saúde e temos visto e sentido isso desde que iniciamos nossa jornada nessa área. A cada feedback positivo recebido de pacientes, bem como pela análise profissional da evolução dos casos atendidos, isso fica evidente”, enfatiza.

 

Apesar de todos os benefícios e avanços da telessaúde na área mental, há, ainda, desafios a serem superados no contexto social brasileiro, como, por exemplo, as desigualdades de acesso, bem como a necessidade de maior fomento e expansão dos serviços de telessaúde na área para a diminuição do número de pessoas acometidas por transtornos mentais e garantia de tratamento humanizado e de qualidade às pessoas acometidas por essas condições. Para fomentar essas discussões e contribuir para o desenvolvimento sustentável dos serviços de psicologia e psiquiatria por meio do uso de tecnologias da informação e comunicação, a Saúde Digital Brasil deliberou pela criação de um grupo de trabalho específico para tratar do tema, que será composto exclusivamente pelos associados da entidade que prestam serviços de saúde mental.

 

“Nosso objetivo é promover um ambiente de debates e mútua colaboração entre os associados da SDB para o enfrentamento dos desafios específicos da saúde mental no ambiente digital, no que diz respeito, por exemplo,a aspectos éticos, administrativos e financeiros. Nesse sentido, a iniciativa criará oportunidades para a expansão e a melhoria da qualidade dos serviços de telepsicologia e telepsiquiatria no Brasil, ao mesmo tempo em que preparará a entidade para compreender melhor o cenário brasileiro e ter uma atuação mais efetiva e ativa na área de saúde mental”, finaliza Michele Alves, gerente executiva da Saúde Digital Brasil.

 

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