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Saúde digital: a geração hibrida

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É fato que uma série de revoluções tecnológicas viabilizarão uma transformação do nosso comportamento como sociedade. 

 

E não podemos negar que já estamos vivenciando essas transformações. Embora o termo possa soar estranho em um primeiro momento, somos uma (a única!) geração híbrida. Nascemos analógicos e morreremos digitais. Cenário diferente do vivenciado por quem nos antecedeu e era 100% analógico, e também de quem nasceu a partir da virada do milênio, que já será 100% digital. Até por isso, somos mais suscetíveis às interferências, passamos pela dor dessa transformação e mostramos uma resistência maior às mudanças.

Para exemplificar basta pensar na transição dos telefones analógicos para digitais (smartphones); das agências bancárias para os apps que controlam toda nossa vida financeira; do varejo físico para o e-commerce; das locadoras de vídeo para os serviços de streaming; do táxi para o transporte por aplicativo; e, claro do atendimento presencial para a telessaúde.

No caso da saúde, especificamente, isso significa uma mudança de comportamento, tanto dos pacientes, como dos profissionais da área: equipe médica, de enfermagem, nutrição, psicologia, terapia ocupacional, entre outras especialidades responsáveis pelo cuidado e atendimento à população.

Com a chegada do 5G, ganhamos novas perspectivas para a saúde digital. As cirurgias à distância, cada vez mais comuns, tornar-se-ão tão corriqueiras como as cirurgias por laparoscopia. Se voltarmos à época que esta técnica surgiu, o uso de microcâmeras para conduzir o médico durante o procedimento também causou certa estranheza nas equipes cirúrgicas mais tradicionais. Atualmente, algumas cirurgias não ocorrem de outra forma.

E, isso seguirá avançando. Em breve, além das câmeras, também serão usados IoT’s, tecnologia de comandos a distância, inclusive por voz, a ponto de que veremos cada vez mais pacientes em centros cirúrgicos virtuais, onde o médico estará em um central e o paciente em um centro cirúrgico. O inusitado poderá ser o médico operando com suas próprias mãos como estamos acostumados a ver.  Esses são exemplos maravilhosos do desenvolvimento tecnológico na saúde.

Embora essa seja a evolução natural que veremos e também seja impossível prever agora até onde isso vai, é preciso considerar que tudo tem os dois lados. Um contraponto disso é que temos que tomar sempre cuidado para que esse avanço não crie uma barreira a mais e provoque um aumento de desigualdade de acesso. Toda a discussão em termos da segurança jurídica, a criação das diretrizes que norteiam a prática da telessaúde, do acesso, a interoperabilidade, etc., que estamos tendo agora é muito importante para o que acontecerá nos próximos anos, sendo o que proporcionará a construção do mundo digital propriamente dito.

Não adianta promovermos a melhoria individual e não aumentar a qualidade coletivamente. Esse é um aspecto que não devemos perder de vista. Ou seja, temos que incentivar o desenvolvimento, mas também criar formas de garantir o acesso igualitário e a isonomia na sociedade.

Para entender isso, é só olharmos para outras esferas da nossa vida quando falamos de desenvolvimento tecnológico e até onde ele vai. Daqui a pouco o homem poderá fazer viagens turísticas ao espaço. Isso acontecerá em cinco a dez anos. Porém, como sabido, não será algo acessível a todos. Em outras palavras, não será uma inovação com impacto populacional. E, na medicina não pode ser assim. Acredito que todo desenvolvimento tecnológico na saúde deve considerar o acesso populacional, de maneira universal. Essa é uma discussão que cada vez mais teremos que fazer.

Por isso, o próximo ator muito importante na telemedicina será a Bioética Digital. Assim como termos essa perspectiva na linha do horizonte quando queremos definir até onde podemos ir é algo que será cada vez mais crucial para nós que lidamos com a telessaúde no dia a dia.

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