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Violência na Telemedicina: Como Promover um Ambiente Mais Seguro para Profissionais de Saúde

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No dia 19 de agosto, a Saúde Digital Brasil realizou um importante webinar para discutir um tema delicado e urgente: a violência contra médicos no ambiente virtual

O encontro foi mediado por Dra. Ana Carolina Vicenzi – Dr. Onlne e reuniu especialistas com ampla atuação no setor, como a Dra. Ana Vicenzi, médica especialista em clínica médica e telemedicina, do Dr. Online;  Dra. Cristina Broilo, Heade de telemedicina e saúde digital na TopMed; Dr. João Roberto, especialista em clínica médica e cuidados paliativos, e Dr. Marco Antônio, coordenador médico de saúde digital no grupo Fleury, que trouxeram reflexões, dados, relatos e propostas práticas sobre o tema.

Um problema real, ainda pouco debatido

A crescente adoção da telemedicina no Brasil e no mundo ampliou o acesso à saúde, mas também revelou desafios éticos e operacionais. Entre eles, a exposição de médicos a formas de violência verbal, psicológica e até assédio durante atendimentos virtuais.

Segundo levantamentos compartilhados durante o evento, mais de 50% dos médicos que atuam com telemedicina relataram já ter sofrido alguma forma de agressão. As causas mais recorrentes estão associadas à negativa de condutas fora dos protocolos clínicos, como pedidos de atestados ou exames eletivos, e à frustração de expectativas por parte dos pacientes.

Violência digital: diferente do presencial, mas igualmente grave

Durante o debate, os participantes destacaram que, enquanto a violência em ambientes físicos tende a se manifestar de forma mais direta e, muitas vezes, física, na telemedicina a agressão assume um caráter psicológico, verbal e reputacional. Comentários ofensivos, ameaças de processo, assédio moral ou sexual e até difamação pública em redes sociais e plataformas como o Reclame Aqui são exemplos recorrentes.

“Esse tipo de exposição impacta profundamente a saúde mental dos profissionais, reduz sua motivação e prejudica a continuidade do cuidado com qualidade”, afirmou o Dr. Marco Antônio, que propôs a criação de programas de acolhimento médico nas empresas de telemedicina.

Comunicação como ferramenta de proteção e prevenção

Um ponto de consenso entre os painelistas foi a importância da comunicação clara, empática e acessível com os pacientes. Isso inclui:

  • Orientações prévias à consulta, explicando as limitações da telemedicina;

  • Alinhamento de expectativas sobre condutas, documentos e encaminhamentos;

  • Uso de linguagem simples e respeitosa durante o atendimento;

  • Validação ativa do entendimento do paciente, para evitar ruídos de comunicação.

Além disso, recomenda-se que as empresas adotem materiais educativos, vídeos, cartilhas e fluxos digitais que preparem o paciente antes do atendimento.

O papel das empresas e instituições

A Saúde Digital Brasil reforça que a responsabilidade por um ambiente digital ético e seguro é compartilhada entre prestadores, empresas, gestores e pacientes. Durante o evento, os especialistas sugeriram ações concretas que podem ser adotadas imediatamente pelas organizações:

  • Implementação de protocolos de acolhimento para profissionais vítimas de violência;

  • Criação de frases padronizadas para lidar com situações conflituosas;

  • Investimento em formação contínua sobre comunicação, escuta ativa e gestão de conflitos, aliado a iniciativas de promoção do bem-estar do profissional e incentivo a um atendimento humanizado;

  • Apoio jurídico claro e disponível aos médicos;

  • Inclusão de funcionalidades nas plataformas para sinalização de incidentes;

  • Desenvolvimento de campanhas educativas voltadas aos pacientes, sobre direitos, deveres e limites do atendimento digital.

Uma construção coletiva

Como destacou a Dra. Cristina Broilo, “o cuidado é o mesmo, seja presencial ou virtual. Mas as formas de agressão mudam e, por isso, nossas estratégias de prevenção também precisam evoluir”. 

A Dra. Ana Vicenzi complementou: “precisamos criar pontes entre o que oferecemos e o que o paciente entende. A comunicação é um elo que precisa ser fortalecido em toda a jornada de cuidado.”

A Saúde Digital Brasil reafirma seu compromisso com a promoção de um ecossistema digital de saúde ético, acessível e seguro, tanto para quem atende quanto para quem é atendido.

Para assistir à gravação completa, aperte aqui. 

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