Pauta foi um dos temas abordados em evento promovido pela Prefeitura de São Caetano do Sul, em São Paulo. Estar presente na internet não é sinônimo de ter muitos seguidores. A responsabilidade do profissional é de se fazer presente de maneira escalável, com a ajuda da tecnologia, e não terceirizar essa presença
A Prefeitura de São Caetano do Sul realizou nos dias 12 e 13 de maio, no Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação Dra. Zilda Arns (CECAP), o 1º Congresso de Telemedicina em Saúde. Profissionais renomados abordaram diversos temas relacionados à telemedicina, inovação e tecnologia, diante do painel “Desafios e oportunidades da capacitação do profissional de saúde no ambiente de saúde digital”.
De acordo com Lorenzo Tomé, médico radiologista e mestre em Gestão pela Fundação Getulio Vargas (FGV), excelência técnica é uma obrigação, mas não é suficiente para o melhor desfecho. “Precisamos ser encontrados, estar na vitrine, mas é fundamental ressaltar a importância da capacitação e atualização dos profissionais da área de saúde. Quando alguém te indica uma hospedagem, você vai à internet conferir as referências deste local. Quando o paciente pesquisa sobre um especialista e não há informações concretas, ele encontra algo diferente da carreira, como no JusBrasil. É nossa responsabilidade construirmos nossa imagem no digital”.
A importância do digital
Ainda de acordo com Tomé, estar presente na internet não é sinônimo de ter muitos seguidores. A responsabilidade do profissional é se fazer presente de maneira escalável, com ajuda da tecnologia, e não terceirizar essa presença. “Muito se confunde com marketing, que é tudo aquilo que reduz o esforço de venda. Essa venda não é totalmente mercantil e nem precisa ser”.
Carlos Pedrotti, gerente médico do Centro de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein e vice-presidente da Saúde Digital Brasil (SDB), destacou a importância da telemedicina, que ganhou espaço com a pandemia. “Um especialista capacitado tem uma rápida capacidade de entender o funcionamento da tecnologia e a necessidade de seu suporte técnico rápido. Além disso, aquele médico que está na ponta, recebendo um auxílio à distância, se aprofunda, garantindo sustentabilidade e qualidade na saúde do paciente, e uma maior equidade de acesso entre todos”.
Pedrotti também destacou a teleinterconsulta, em que profissionais debatem entre si sobre alguma questão. “Na maioria dos casos, é o médico da família com um especialista. No Brasil, a região Norte é pioneira no tema. Esse tipo de serviço dá assistência aos pacientes e, ao mesmo tempo, um ciclo virtuoso de capacitação”.
Para Chao Lung Wen, professor da USP e chefe da Disciplina de Telemedicina do Departamento de Patologia da FMUSP, a logística e a eficiência são importantes para a resolução da questão da saúde no país. “É imprescindível reduzir os sinistros por meio da promoção de saúde e prevenção de doenças e agravos. Precisamos, de uma forma muito engajada, mostrar que temos um grande potencial com a saúde digital, focado em educação, em treinamento”.
E a capacitação?
Roberta Rubia, assessora técnica de Gabinete da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, enfatizou a importância de mostrar às pessoas que a saúde digital possui grande potencial na área de educação e treinamento, sendo fundamental engajar todos os envolvidos nesse processo de capacitação. Para elucidar o assunto, falou sobre um caso de impulsionamento em uma UTI do Hospital do Mandaqui.
“A escolha do hospital foi por uma questão de ser o primeiro do estado de São Paulo. Queríamos mostrar a evolução tecnológica. Mas, para isso acontecer, não é só colocar uma plataforma, colocar um serviço on-device. A gente entendeu que precisava, logo no início, começar com as equipes presencialmente. Então conversamos, entendemos o processo e treinamos os colaboradores”, afirmou a assessora, garantindo que o objetivo final era o ganho do paciente. “Quando o trabalho começou a dar resultado com a melhora nos leitos e na sobrevida dos indivíduos, os envolvidos se encantaram”, ponderou.
Telemedicina x atendimento presencial
Afinal: a telemedicina substituirá o atendimento presencial? Para Tomé, a tecnologia eliminará aqueles profissionais que se deixarem ser substituídos. “A vida exige transformação. Temos uma nova evolução para o mercado de trabalho. Quando avaliamos do ponto de vista de políticas públicas, o que precisa ser feito é a capacitação para que essas pessoas sejam absorvidas pela demanda Para isso, é preciso investir em educação”.
Na visão de Roberta, a teleconsulta não substituirá o presencial. “Acredito que em alguns segmentos requer sim o atendimento físico, ainda mais em casos de alta complexidade. Mas, daqui para frente, será algo a mais”. Já Pedrotti acredita que cada um ocupará o seu lugar. “Quando falamos de telemedicina, falamos de acesso. E isso significa ampliar os horizontes da área médica”, finalizou.