Início > Eventos > O impacto transformador dos dispositivos e softwares médicos no conhecimento humano

Compartilhe:

O impacto transformador dos dispositivos e softwares médicos no conhecimento humano

8 de maio de 2023 12:38

A inteligência artificial vem para transformar a cadeia de saúde, tornando-se uma grande aliada para reduzir erros médicos, melhorar a eficiência dos processos e otimizar os custos das operações

Os dispositivos e os softwares médicos têm desempenhado um papel cada vez mais importante no setor de saúde, proporcionando um impacto significativo nos cuidados com o paciente, levando mais precisão e qualidade aos serviços prestados. O assunto foi destaque no último episódio do Encontro da Jornada Digital, realizado online pela plataforma Zoom, pela Saúde Digital Brasil (SDB) em parceria com a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e a Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS).

Com o tema “O impacto dos dispositivos e dos softwares médicos para o setor de saúde”, Felipe Cabral, moderador do debate e coordenador do GT Tecnologia e Inovação em Saúde da Anahp e gerente médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento, levantou a provocação: “O Chat GPT está começando agora, mas será que não evoluirá a ponto de dar respostas tão perfeitas que triangulará a confiança dos humanos, a ponto de delegar responsabilidades à tecnologia?”. 

Segundo Chao Lung Wen, chefe da disciplina de Telemedicina da FMUSP e presidente da Associação e Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde (ABTms/CBTms), a tecnologia em si não assume responsabilidades. “Por mais que as inovações estejam presentes no campo médico, ainda assim elas delegam responsabilidades e o poder de decisão ao profissional da saúde. A competência do corpo clínico nunca será substituída pelas máquinas. Não podemos olhar para as inovações tecnológicas como resolutivas, mas como uma ferramenta da linha de cuidados, monitoramento e planejamento da saúde”, define o especialista.

Com a tecnologia trazendo muitas respostas, a responsabilidade ética dos médicos cresce ainda mais, assim como a empatia que esses profissionais devem ter com seus pacientes. Chao Wen defende que o futuro da humanidade está no estilo de vida e no bem-estar, com a saúde conectada e integrada. “É fundamental que tenhamos esse pensamento, já que uma sociedade doente não é produtiva. Neste ponto, a formação profissional tem que abrir a mente e evitar as reinternações, com o monitoramento e diagnósticos precoces”, afirma. 

Na visão de Chao, a telemedicina é uma área que evoluiu muito no Brasil. “A telessaúde foi criada aqui em 2006 e implantada no ano seguinte com sucesso. Quando a pandemia chegou, já estávamos preparados para atender remotamente. Criamos em 2004 o polo de telemedicina da Amazônia, o que mostra que temos recurso tecnológico para conectividade. O que não existe é estratégia política para avançar. Precisamos inovar em processos e soluções, tanto públicas como privadas”, lamenta.

Até onde as máquinas podem ajudar?

Para Eduardo Cordioli, diretor médico de Obstetrícia do Grupo Santa Joana, conselheiro da Saúde Digital Brasil (SDB) e head de Inovação da Docway, o que temos que ter medo não é da Inteligência Artificial (IA), mas do conhecimento humano. “É preciso ampliar a nossa capacidade de raciocínio e produtividade. A tecnologia está aí para auxiliar, mas a decisão ainda é nossa. A saúde digital pode ser levada para todo o Brasil, mesmo a áreas remotas, com resultados realmente efetivos. A grande questão é querer fazer acontecer”, afirma. 

A carteira digital de vacinação foi um exemplo citado por ele, em que o Brasil é referência, superando os EUA. Outro ponto é o telemonitoramento, que reduz a necessidade de medicação e reinternação, assim como os mobile health, referindo-se aos smartwatches, que medem a frequência cardíaca e podem alertar os usuários sobre alguma alteração anormal no ritmo.

“Dados de pesquisas mostram, inclusive, que 50% das consultas na internet são relativas à saúde. Com o advento da nanotecnologia, teremos implantes humanos para sermos monitorados em tempo real, resultando na saúde conjugada, o que não deve demorar a acontecer. Mas, acredito que a anamnese ainda é a melhor ferramenta utilizada pelo médico para entender o paciente, e cabe ao profissional extrair a verdade dele”, ressalta Cordioli.

Há limites?

Paulo Lopes, especialista em Saúde Digital na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), secretário geral da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) e conselheiro suplente da Comunidade Científica e Tecnológica do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) vai além: “Conhecer os sistemas tecnológicos de apoio à decisão é fundamental, até mesmo para empurrar essa fronteira. No caso dos alunos de medicina, é importante não só consumir tecnologia, mas saber o limite do que está sendo utilizado, com responsabilidade. A telemedicina brasileira é uma das melhores do mundo e somos referência acadêmica”, orgulha-se. 

Por fim, Lopes avalia que os dispositivos e sensores conectados (wearables) serão muito importantes para o aprimoramento do setor, mas o desafio será envolver a saúde pública e as periferias, e não só as classes mais altas. “O caminho seria começar pelas escolas, já que o futuro da humanidade está ali. Os agentes públicos também são excelentes ferramentas neste processo de melhoria. Precisamos olhar para esta área não como um mercado, mas como um problema a ser resolvido. Estou falando de interoperacionalidade da tecnologia – a informação deve ser propriedade do paciente, e não da instituição, ou o histórico dele ficará fragmentado em vários laboratórios/hospitais, e não na ficha única dele, como deveria ser”, argumenta.

Todos os especialistas são unânimes em um ponto: concordam que a tecnologia permitirá que os profissionais de saúde tomem decisões mais rápidas e precisas. Se os dispositivos e softwares forem usados com responsabilidade, certamente reduzirão erros médicos, melhorarão a eficiência dos processos e otimizarão os custos da cadeia.   

 

Assine nossa newsletter

    Assine a nossa newsletter para se manter sempre atualizado sobre notícias e eventos do mercado.



    Notícias SDB

    Assine nossa newsletter

      Copyright 2024 - Saúde Digital Brasil – Todos os direitos reservados

      Granza

      Posso ajudar?