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Saúde Masculina Reinventada: o impacto da revolução digital no cuidado pessoal

29 de novembro de 2023 15:59

A telessaúde e os avanços tecnológicos  abrem mais uma possibilidade para os homens acompanharem sua saúde e diagnosticar precocemente doenças, como câncer de próstata

 

Os homens frequentemente enfrentam desafios significativos ao buscar o devido cuidado com sua saúde.. Uma das principais razões reside na influência da cultura e nas expectativas sociais relacionadas à masculinidade, onde expressar vulnerabilidade ou preocupações com a saúde é, por vezes, desencorajado. Existe essa ideia arraigada de que os homens devem ser fortes, resistentes e não demonstrar fraqueza, o que pode impedi-los de buscar cuidados médicos. Essa cultura soma-se a uma lacuna na disseminação da importância dos cuidados preventivos e à negligência em priorizar a saúde devido a responsabilidades pessoais ou profissionais. 

 

Além disso, a falta de acesso adequado aos serviços de saúde, seja por questões financeiras, geográficas ou de tempo, também pode ser um obstáculo significativo para muitos homens. Esses fatores combinados frequentemente resultam em adiamento ou escusa dos cuidados médicos, o que pode ter impactos negativos a longo prazo.

 

No caso do câncer de próstata, dados do Instituto Oncoguia revelam que um em cada nove homens será diagnosticado com a doença durante sua vida. Ele ocorre, principalmente, em homens mais velhos. Seis em cada dez casos são diagnosticados em pessoas com mais de 65 anos, sendo raro antes dos 40. Dentre os tumores malignos que acometem o sexo masculino, este é decisavamente o principal. 

 

Engana-se quem pensa que a tecnologia não pode fazer a diferença nesse cenário de prevenção e tratamento do câncer de próstata, apoiando e ajudando a levar acesso ao cuidado e também à informação.  Embora o exame de toque retal seja um dos principais métodos para diagnosticar precocemente condições dessa doença, a telessaúde e as tecnologias emergentes estão transformando a abordagem dos homens em relação aos cuidados de saúde. 

 

“A telemedicina oferece a oportunidade de consultas virtuais, permitindo que os homens conversem com profissionais de saúde, discutam sintomas e recebam orientações sobre exames preventivos, incluindo o rastreamento do câncer de próstata. Além disso, vemos surgir no mercado novas tecnologias, como dispositivos de monitoramento remoto e aplicativos de saúde personalizados”, ressalta Michele Alves, gerente executiva da Saúde Digital Brasil (SDB).

 

Segundo ela, essas tecnologias são essenciais para ajudar os homens a rastrear e monitorar sua saúde, fornecendo dados valiosos que podem auxiliar os médicos no diagnóstico precoce e na intervenção preventiva. Tais inovações não apenas tornam os cuidados mais acessíveis, mas também ajudam a promover uma mentalidade de cuidado contínuo, incentivando-os a assumirem um papel ativo em sua saúde de maneira mais holística e menos invasiva.

 

O uso de dados, por exemplo, disponíveis nos prontuários eletrônicos e em plataformas de prescrição digital, também apoia médicos e pacientes, tornando o momento da consulta e prescrição mais ágil, seguro e inteligente, além de facilitar a adesão ao tratamento. 

 

“Anotações clínicas, por exemplo, sobre a evolução do paciente durante a consulta ficam salvas e disponíveis em um histórico. Assim, o médico consegue acessar sempre que necessário.  Além disso, é possível cadastrar alergias e condições do paciente para um maior suporte à decisão clínica”, reforça Thiago Julio, diretor médico na Memed, plataforma de prescrição digital.

 

Homens vão menos ao médico do que mulheres e a saúde digital pode ajudar

 

Dados extraídos da Memed, apontam que, entre 2019 e 2022, aproximadamente 514 mil pacientes passaram em consultas com urologistas ou proctologistas. No mesmo período, a busca por consultas e exames preventivos entre pessoas do sexo feminino foi de 81%, contra 18% entre pessoas do sexo masculino. Ainda neste intervalo, cerca de 212 mil exames, referentes ao rastreamento do câncer de próstata, foram receitados pela Memed, o que é mais um fator de alerta. 

 

O oncologista Dr. Daniel Morel, diretor médico da Tuinda Care, destaca a importância de campanhas para esclarecer a população masculina sobre a realização de exames de rastreio e o acompanhamento regular por um médico urologista, pois um diagnóstico precoce pode aumentar a chance de cura e, em alguns casos, melhorar o controle da doença. Ele ressalta que a tecnologia evolui a passos largos no diagnóstico e tratamento da doença, com o uso de equipamentos ultra tecnológicos, novas drogas e os avanços trazidos pela medicina nuclear, especialmente para o tratamento de lesões metastáticas.

 

“Levando-se em consideração que normalmente os pacientes são idosos e possuem uma série de comorbidades, o que os leva a atendimentos médicos constantes, devemos observar como o cuidado destes pacientes pode ser melhorado e otimizado com o uso de tecnologias de análise de dados e também a telessaúde. A possibilidade de ter um acompanhamento remoto, porém mais frequente, pode fazer com que, por exemplo, uma elevação do PSA seja detectada mais precocemente, podendo, desta forma, antecipar uma abordagem do tratamento”, enfatiza. 

 

Ricardo Vita, urologista da Starbem, healthtech de atendimento on-line associada à SDB, enfatiza que os homens têm uma barreira cultural e, a partir do momento que param de ir ao pediatra, não têm nenhum médico de referência para cuidar de sua saúde. Isso ocorre até quando começam a surgir os problemas de saúde, que é somente quando procuram um especialista ou médico generalista. 

 

“Nesse interstício todo, o homem fica desassistido e, muitas vezes, não olha para a sua saúde. Falando, principalmente, de saúde preventiva e não só de medicina curativa. Isso porque o homem tende a se achar inabalável e inatingível. E sempre vem aquele sentimento de que pode deixar para depois, exceto se aquilo estiver comprometendo a sua qualidade de vida de alguma forma”, reforça Vita. 

 

Uma das grandes causas relatadas pelo sexo masculino  que justificam sua ausência nas consultas de rotina é a “falta de tempo”. Está é uma das barreiras que a telessaúde ajuda a rompe, já que encurta as distâncias, torna o atendimento mais rápido e prático. 

 

Dados levantados pela Amparo Saúde, serviço de atenção primária do Grupo Sabin, também associado à SDB, reforçam esse cenário de que homens procuram menos pelos serviços. Apenas 36% dos atendimentos realizados por seus profissionais ocorrem em homens a partir dos 18 anos. Os demais homens “invisíveis” são geralmente os que chegam ao serviço com problemas de saúde mais avançados. 

 

Leonardo Demambre Abreu, coordenador médico da Amparo Saúde, chama a atenção ainda para os desdobramentos da doença, em especial os de cunho emocional.  “No último mês, por exemplo, de todos os atendimentos psicológicos realizados na Amparo Saúde, apenas 23% foram realizados em homens, não necessariamente por câncer de próstata, mas por todas as questões que permeiam a saúde mental do homem. A ideia de que homens não choram, não sentem dor, não sofrem socialmente imposta desde a infância são alguns dos obstáculos que visamos transpor no atendimento aos homens para que eles tenham um acompanhamento integral e multidisciplinar da saúde”, ressalta o médico que complementa: “entre vários problemas que podem acometer o homem precisamos destacar o triste cenário em relação ao suicídio”

 

A Saúde Digital Brasil, como entidade comprometida com o avanço da telessaúde e da inovação em saúde, reconhece a significativa contribuição das tecnologias de saúde digital na facilitação do acesso aos serviços médicos e na promoção de uma abordagem proativa à saúde voltada ao público masculino e continua a colaborar com seus associadas e o setor para a oferta e expansão de soluções inovadoras neste campo.

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