Esse foi um dos aspectos mencionados por Caio Soares, presidente da Saúde Digital Brasil, durante a 13.ª Edição do Fórum Saúde Digital, promovido pela TI Inside. O painel trouxe ainda a experiência do Hospital das Clínicas de São Paulo e as perspectivas sobre uso de dados para experiência no atendimento, além de debates sobre segurança e interoperabilidade
Falar que a telemedicina veio para ficar é algo trivial. A fase, agora, é de discutir sua capacidade de ampliação; pontos a serem olhados para garantir segurança tanto de dados como jurídica; tecnologias que facilitem ainda mais sua adoção de forma segura e ampla; procedimentos específicos, interoperabilidade de sistemas e plataformas e outros pontos que garantam seu exercício bem-sucedido. E foi exatamente isso que a 13.ª Edição do Fórum Saúde Digital, promovido pela TI Inside, trouxe como proposta para um dos seus painéis, intitulado “Telemedicina – Qual o futuro?”. Realizado em São Paulo, o evento aconteceu no final de junho, no WTC.
Caio Soares, presidente da Saúde Digital Brasil, participou da discussão chamando atenção para que, nesse momento, é importante fazer uma distinção bem clara entre o modelo presencial e a telessaúde. Segundo ele, muitos ganhos e melhorias podem advir do uso da telemedicina. No entanto, um aspecto prioritário neste momento é a regulamentação, que não avançou ainda no Senado Federal.
“Não devemos transportar para a telemedicina os problemas e mazelas do atendimento presencial. É difícil o engajamento em programas de apoio a pacientes crônicos, por exemplo, isso acontece no mundo presencial e acontece na telemedicina da mesma forma. Se queremos desenvolver ferramentas para ajudar a todos, um ambiente jurídico adequado, a regulamentação é fundamental para que os governantes e as empresas possam fazer seus projetos, desenvolvimentos e planejar os investimentos. Fa mesma forma como para as pessoas atendidas remotamente pela primeira vez, para pacientes crônicos, seus familiares ou aqueles que lutam com questões de saúde mental”, ressaltou.
O executivo destacou ainda a adoção crescente e os feedbacks positivos dos pacientes, que cada vez mais repetem os atendimentos via telemedicina, mas alerta mais uma vez para a necessidade de repensar a atuação do sistema de saúde.
“A telemedicina mais do que uma forma de acesso pode ser uma maneira de modificar como gerenciamos a nossa saúde individualmente, em especial, por proporcionar o acesso à atenção primária digital. Além disso, ela pode prover uma melhoria do desfecho clínico, economia e aumento da eficiência para o sistema. Ela também pode ser um canal de apoio, diagnóstico e tratamento de problemas relacionados à saúde mental. Fomos impactados por turbilhões, como a Covid-19 e até mesmo fatores externos como a Guerra, e a próxima eleição. São 7 bilhões de pacientes com estresse pós-traumático, que podem e vão se beneficiar com a telemedicina”, argumentou.
As demais visões
Paula Gobi Scudeller, diretora Administrativa Saúde Digital HCFMUSP, detalhou como a instituição reformulou suas políticas de atendimento, nos últimos 18 meses, diante do contexto da Covid-19 e das mudanças vivenciadas, bem como os desafios enfrentados.
“A pandemia nos levou a desenvolver estratégias para continuar os atendimentos nos oito institutos que compõem o complexo do HC. O impacto da mudança abrupta trouxe um eixo para a reestruturação interna, e pensando em alguns pilares da transformação, digital começamos a viver isso, na prática”, explicou.
Os processos foram uniformizados para facilitar a coordenação destas estratégias digitais e garantir a sua continuidade no pós-pandemia e também para que a inovação e saúde digital ocorra, em todos os níveis de atenção ao paciente, com excelência na assistência, ensino e pesquisa, visando melhorar o acesso e a equidade.
“Ganhamos em escala com a telemedicina. O que ocorria dentro do HC, foi levado para locais distantes, definindo processos e interação, além de possibilitar um mapeamento nos oito institutos e tudo que pudesse advir disso como melhores práticas para o atendimento remoto. Trabalhamos em três pilares melhorando a experiência dos pacientes já atendidos, com inovações e a ampliação do acesso”.
Como resultado Paula apresentou números impactantes sobre o processo, como a capacitação de 17 mil profissionais à distância, mais 300 mil teleconsultas até o mês de maio, 13 mil teleinterconsultas e 15 artigos científicos publicados.
Já para Claudio Barbosa, Strategic Solution Manager Latin America da Genesys, usar a quantidade de dados que foram gerados durante o período da pandemia, especialmente pela telemedicina é um caminho que os fornecedores de tecnologia em saúde devem considerar.
“Vimos que o engajamento em planos de saúde, hospitais e pacientes é importante. Embora seja uma quantidade de dados expressiva ainda é relativa, pois precisamos de mais dados para ver como este engajamento (paciente X serviço de saúde) pode ser implementado. Com a regulamentação, a teleconsulta será mais frequente e isso, gerará mais demandas como triagens em vídeo, teleconsultas, planos de saúde vendidos por vídeo e também mais problemas”, alerta o especialista.
Barbosa ressaltou que a unificação de procedimentos e informações, que já acontece em outros segmentos de mercado, precisa também ocorrer na saúde. Uma pesquisa feita pela Genesys, com usuários e médicos sobre as maiores preocupações em relação à telemedicina, destacou a interoperabilidade de dados, gestão de dados, segurança das informações do paciente, aliados ao engajamento, acessibilidade e personificação.
“Orquestrar essas informações e dados possibilita que a experiência seja personalizada com sucesso. A personalização é a palavra-chave que define a Transformação Digital na saúde”, explica.